O SITAVA – Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos emitiu esta tarde mais um comunicado com os resultados da reunião com o Ministro da Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.
“Na sequência de contactos anteriores, o SITAVA conjuntamente com mais 7 organizações sindicais, reuniu ontem com o Senhor Ministro das Infraestruturas e Habitação, com a presença
também, do Conselho de Administração e da futura Comissão Executiva. A reunião foi, como habitualmente são as reuniões com o Senhor Ministro, cordial, franca e frontal.
Destinava-se esta reunião, segundo o Senhor Ministro, a auscultar os sindicatos acerca do plano de reestruturação da TAP que, como se sabe, está em curso e a ser assessorado pela mesma
consultora que trabalhou na TAP em 2016, contratada pelo então acionista que deixou agora a empresa.
Da parte do Governo, foi feita a apresentação daquilo que se pretendia que fosse a ordem de trabalhos, ou seja, foi reiterado pelo Senhor Ministro e reforçado pelo Senhor Presidente do
Conselho de Administração e também pelo futuro CEO, Dr. Ramiro Sequeira, que a empresa se encontra numa difícil encruzilhada, quiçá a mais difícil da sua já longa vida de 75 anos, e que a
saída desta situação ia obrigar a muitos e pesados sacrifícios.
Da nossa parte, depois de ouvirmos atentamente os responsáveis do Governo e também algumas das organizações sindicais presentes, transmitimos que estamos cientes das dificuldades que os trabalhadores têm pela frente, mas que consideramos que muitas dessas dificuldades resultam de fatores anteriores à pandemia e que, se o CA não tivesse condescendido com o crescimento
acelerado da frota, que não estava previsto, certamente que a redução que agora pretendem seria bem mais suave.
Igualmente foi transmitido pelo SITAVA, que consideramos absolutamente vital a constituição de um nova gestão para a companhia e que, de uma vez por todas, a tão desejada retoma, ainda
que mitigada pela diminuição da procura, seja posta no terreno. Chamámos ainda a atenção para as habituais práticas das consultoras que, como se sabe, colocam
a “folha de Excel” à frente de qualquer racionalidade, produzindo por vezes relatórios perfeitamente contraditórios com os interesses dos trabalhadores, da empresa, e da economia nacional.
É frequente nestes casos sermos confrontados com a peregrina ideia de que comprar tudo feito lá fora fica mais barato. Como todos sabemos, nada é mais falso que esta ideia. A ser assim porque diabo precisaríamos nós de postos de trabalho em Portugal? Da parte do Senhor Ministro obtivemos o compromisso de que, se for essa a solução apontada, será liminarmente recusada
pelo Governo.
No decurso da reunião foi ainda abordada a questão da força de trabalho, matéria sempre da maior sensibilidade, porque afeta diretamente os trabalhadores no que lhe é mais caro, a sua
subsistência e das suas famílias.
Quanto a esta questão, não escondemos que a situação que se vive em todo o Grupo TAP, desde o passado mês de abril, é de grande sofrimento não só devido aos violentos cortes salariais que
todos, mais ou menos temos sofrido, mas também devido às muitas centenas de postos de trabalho já destruídos e mais aqueles que se projetam, por força da não renovação dos contratos
a termo certo.
Fizemos saber a todos os responsáveis presentes, que temos a convicção que as necessidades de MDO da TAP mesmo com alguma redução de frota, apontam para a manutenção de todos os
postos de trabalho do pessoal de terra. Não podemos esquecer que a companhia de amanhã se constrói hoje.
Além disso, como todos sabemos, convivemos há demasiados anos com um sorvedouro de recursos que, pensamos nós, é chegada a hora de terminar. Falamos, obviamente, da M&E Brasil
responsável por grandes e continuadas perdas de muitas centenas de milhões de euros, que muito têm dificultado a vida aos trabalhadores. Deverá, portanto, ser por aí que que as poupanças
e eventuais reduções de MDO deverão acontecer.
O SITAVA, como sempre irá acompanhar atentamente o desenrolar dos acontecimentos, e estaremos particularmente vigilantes no que diz respeito ao cumprimento da contratação
coletiva.
Acerca da contratação coletiva, vale a pena aqui assinalar, que no próximo dia 24, fará 50 anos que foi assinado o primeiro Contrato Coletivo de Trabalho, aplicado aos trabalhadores
da TAP. Foi assinado pela TAP e por 14 sindicatos representativos dos seus trabalhadores precisamente no dia 24 de setembro de 1970. A contratação coletiva é, portanto, sinónimo de progresso e de avanço civilizacional. Que ninguém pense alguma vez acabar com ela. “