A afirmação de O’Leary surge depois das notícias que o negócio da compra da easyJet por parte da Wizz Air não vai avançar, sugerindo que as grandes companhias, como IAG, Lufthansa ou Air France, poderiam, eventualmente, tentar comprar companhias rivais, sejam low cost ou não.
“A consolidação tem de acontecer e irá acontecer, é inevitável”, admitiu O’Leary,
O CEO da Ryanair acredita ainda que “as companhias aéreas precisam de grande escala para sobreviver e que o fragmentado mercado europeu é insustentável a longo prazo”.
“Muitos governos europeus não estão dispostos a perder as suas companhias aéreas nacionais depois de terem injetado ajudas”, afirma O’Leary, garantindo que, de momento, a Ryanair não irá procurar qualquer negócio que prejudique a sua eficiência operacional, logo, qualquer fusão/aquisição.
No passado o responsável da Ryanair admite que fez três ou quatro tentativas para comprar a Wizz, ao investidor norte-americano Bill Frankie antes da companhia ter entrada na bolsa de Londres, em 2015, mas que o negócio nunca avançou porque não houve concordância com o preço.
De recordar que, recentemente a easyJet revelou ter rejeitado uma proposta de aquisição por considerar que não era interessante, ao mesmo tempo que lançou um aumento de capital de 1,2 mil milhões de libras (1,4 mil milhões de euros).
Sem revelar a identidade do comprador ou condições da oferta, o presidente-executivo da easyJet, Johan Lundgren, disse numa conferência de imprensa que “foi uma proposta muito recente, não vinculativa, muito preliminar” e que “a administração não hesitou e rejeitou rapidamente”.
Para ser avaliada, uma potencial proposta de aquisição “tem de oferecer valor para os acionistas e esta não estava perto”, explicou, referindo que a decisão foi tomada por unanimidade pela administração após o conselho dos consultores, ainda antes de ser discutida com os acionistas.
Apesar da companhia não ter revelado o nome da companhia interessada sabe-se que a proposta partiu da Wizz Air.
As ações chegaram a desvalorizar 9% na abertura da Bolsa de Londres, mas, entretanto, recuperaram ligeiramente.
O aumento de capital anunciado pretende reforçar as contas da transportadora britânica tendo em conta o impacto da pandemia covid-19, que afetou gravemente o setor da aviação.
A easyJet registou prejuízos antes de impostos declarados de 747 milhões de euros (645 milhões de libras) no primeiro semestre fiscal encerrado em 31 de março, tendo a dívida alcançado os dois mil milhões de libras (2,34 mil milhões de euros).
“O aumento de capital anunciado não só fortalece o nosso balanço, permitindo-nos acelerar o nosso plano de recuperação pós-covid-19, mas também nos posiciona para o crescimento, de modo a que possamos aproveitar as oportunidades de investimento estratégico que se espera que surjam à medida que a indústria de aviação europeia emerge da pandemia”, disse Lundgren.
O presidente da Easyjet adiantou que a companhia aérea está a avaliar a candidatura a ’slots’ em aeroportos como o de Gatwick (Londres) e Orly (Paris) que concorrentes tenham deixado vagos.
Lundgren disse que a Easyjet está a voar com uma capacidade de 73% face a 2019 na Europa, mas de apenas 32% no Reino Unido, diferença que atribuiu ao excesso de testes e regras impostos pelas autoridades britânicas.
“Se as regras forem aliviadas, poderemos aumentar significativamente [a capacidade]”, garantiu.