O Pessoal de Cabina da TAP marcou para os dias 8 e 9 de dezembro uma greve.
A companhia indica que apesar de todos os esforços para evitar esta greve, não foi possível chegar a um acordo com o sindicato que representa estes profissionais, ainda que se tenha conseguido alcançar entendimentos sobre várias matérias.
As propostas foram apresentadas atempadamente e a falta de resposta do SNPVAC em tempo útil leva a uma perda na venda de bilhetes e na receita normal destes dias. Um possível cancelamento dias antes das datas da greve continuaria a ter um efeito comercial negativo para a Companhia.
Assim, e não sabendo qual o nível de disrupção que a operação poderá sofrer nesses dias, a TAP recomenda aos seus clientes que tentem remarcar os seus voos. Deverão fazê-lo através do call center ou das suas agências de viagens. A alteração das datas dos voos previstos para este período poderá ser feita sem qualquer penalização e sem alteração de tarifa, para datas entre 28 de novembro e 19 de dezembro, e sem penalização, embora com alteração de tarifa, para qualquer outro período.
A TAP informa ainda que continua disponível para um entendimento com o sindicato dos tripulantes de cabina, nos termos da proposta que já lhes foi apresentada. E reitera que fez todos os possíveis para que isso acontecesse em tempo útil, tendo agora de concentrar os seus esforços na organização da operação e na salvaguarda dos seus clientes.
A companhia sublinha que está ciente dos efeitos nefastos desta greve anunciada e pede desde já desculpas aos seus clientes pela perturbação que a mesma lhes poderá causar e assegura que está a fazer todos os esforços para os minimizar.
O SNPVAC disse hoje que a TAP apresentou uma proposta aos tripulantes de cabine, mas que exigiu que fosse analisada até terça-feira, algo que o sindicato diz não ter condições para fazer.
Num comunicado enviado aos associados, a que a Lusa teve acesso, a direção do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) adiantou que esteve, nos dias 15 e 16 de novembro, “reunida com a Administração da empresa, com o intuito de solucionar o diferendo existente entre os tripulantes e a TAP”, sendo que estes profissionais convocaram uma greve para os dias 08 e 09 de dezembro.
Segundo a mesma nota, “após dois dias intensos de reuniões – onde de forma construtiva ambas as partes procuraram soluções para sanar o diferendo – a TAP formalizou uma proposta no dia 18 de novembro”.
“Apesar de ser uma proposta que considerámos de imediato insuficiente – já que a empresa não abdica de certas posições –, seria nossa intenção levá-la à consideração dos Associados na AG [assembleia geral] de dia 6 de dezembro”, referiu o SNPVAC, indicando que, no entanto, “juntamente com a formalização da mesma, veio um ultimato ao SNPVAC de que, ou existia uma antecipação à auscultação dos seus associados até dia 22 de novembro [terça-feira], ou então não faria sentido a proposta negociada ser formalizada”.
De acordo com a estrutura sindical, “foi explicado à administração que, estatutariamente, não existem condições para essa antecipação, pelo que a AG de dia 6 de dezembro será realizada, com ou sem proposta”, acrescentando que o sindicato esclareceu “nas reuniões mantidas com a empresa que cabe à Assembleia Geral aprovar, ou não, a proposta final da TAP sobre as matérias em diferendo” sendo que “o prazo mínimo para a sua convocação, ainda que de natureza emergente, é de 8 dias consecutivos, com publicação obrigatória num dos jornais de maior tiragem onde se realizar a AG”.
“Deste modo, não entendemos esta exigência da empresa à pretensão de ‘auscultação dos nossos associados, por forma a garantir até, no limite, às 18:00 do dia 22 de novembro de 2022 uma resposta do Sindicato à proposta negociada e a ser formalizada pela TAP’”, destacou, reiterando “assim a impossibilidade estatutária de a obter nesse prazo”.
“Enaltecemos a preocupação que a TAP demonstra com os seus passageiros agora, ao contrário do que aconteceu em julho deste ano”, referiu, adiantando que “o facto de a TAP já assumir a greve, ainda antes da oficialização do pré-aviso da mesma, é a demonstração cabal que a empresa percebeu a insatisfação latente da classe, a sua união e a sua adesão à greve”.
No entanto, “perante a formalização da proposta e das condicionantes que a empresa colocou, cabe à TAP decidir se pretende que a direção do SNPVAC apresente uma folha em branco aos seus associados e daí assumir as possíveis consequências futuras”, avisou, referindo que “os tripulantes saberão interpretar os acontecimentos dos próximos dias” e assegurando que “cabe à empresa a lucidez para solucionar este diferendo”.
“Os valores avançados pela TAP não são mais do que suspensões unilaterais à margem do Acordo Temporário de Emergência”, disse ainda o SPNVAC, lamentando que, “a mais de três semanas da greve, a TAP dê por encerrado qualquer esforço” para chegar “a um consenso”.
“Por muitos esforços da TAP em nos imputar as consequências da greve, relembramos que esta é da exclusiva responsabilidade da empresa, que não percebeu a insatisfação crescente dos tripulantes”, adiantou.
“Manifestamos novamente a nossa recusa da atual proposta e reforçamos a nossa inteira disponibilidade para solucionar este diferendo; não só de forma bilateral, como em sede das entidades competentes para o efeito”, rematou.
A TAP e os sindicatos encontram-se em negociações para a revisão do Acordo de Empresa (AE), no âmbito do plano de reestruturação.