O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou, no parlamento, que a Cabo Verde Airlines, companhia aérea de bandeira renacionalizada em julho, vai voltar a operar em dezembro deste ano.
O chefe do Governo reagia, no debate mensal no parlamento, às dúvidas levantadas pelos deputados da oposição sobre o futuro da companhia e às dívidas acumuladas durante a gestão anterior, a cargo do grupo Icelandair, que liderava a empresa aquando da sua renacionalização.
“Fala [deputado do PAICV] de dívidas contraídas pela TACV, com aval do Estado, qual será a solução. Será a solução que vier a ser necessária. O Estado assume as suas responsabilidades relativamente à companhia de bandeira e assume as suas responsabilidades relativamente à sua reestruturação. E se tudo correr bem, como estamos a prever, a Cabo Verde Airlines começará a operar ainda durante o mês de dezembro deste ano”, anunciou Ulisses Correia e Silva.
Anteriormente, o Governo tinha apontado a retoma da Cabo Verde Airlines, que não opera voos comerciais desde março de 2020, devido às restrições para combater a pandemia de covid-19, durante o primeiro trimestre de 2022.
Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da TACV por 1,3 milhão de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da Cabo Verde Airlines – nome comercial da companhia) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).
A companhia, em que o Estado cabo-verdiano mantinha uma posição de 39% (além de 10% a trabalhadores e emigrantes), concentrou então a atividade nos voos internacionais a partir do ‘hub’ do Sal, deixando os voos domésticos.
O Estado cabo-verdiano assumiu em 06 de julho a posição de 51% na TACV, alegando vários incumprimentos na gestão e dissolvendo de imediato os corpos sociais.
A reversão de privatização da companhia teve efeitos a partir daquele dia, com a publicação do decreto-lei que a autorizou, aprovada pelo Conselho de Ministros, face às “sérias preocupações” com o “cumprimento dos princípios, termos, pressupostos e fins” definidos no processo de privatização.
O ministro do Turismo e dos Transportes de Cabo Verde, Carlos Santos, admitiu em setembro, à Lusa, que para relançar a companhia aérea de bandeira TACV, renacionalizada em julho, será necessário investimento do Estado.
“Obviamente porque estamos numa fase de reiniciar e reiniciar significa investir. E essa é a perspetiva de investimento. Agora, tudo o que está a ser feito, está a ser feito com cabeça, tronco e membros, para podermos ter aqui uma equação que tenha alguma viabilidade”, afirmou o governante.
Carlos Santos esclareceu na altura que o Governo está a trabalhar com “especialistas” para que a companhia possa retomar a atividade, mas com um “efeito naquilo que são os bolsos dos contribuintes” que seja “o menor possível”.