Desde esta segunda-feira, 12 de junho, 25 membros da Aliança estão a simular uma resposta aérea caso seja ativado o artigo 5.º – que estabelece que um ataque a um membro da NATO é um ataque a todos.
Mais de dez mil militares e 220 aeronaves estão a voar nos céus da Alemanha para simular a resposta a um ataque de “uma aliança militar de leste”. Os especialistas alertam que este é o reflexo de um mundo que está a mudar e que devemos esperar mais e maiores exercícios destes no futuro.
O comando da NATO indica que: trata-se de um exercício que envolve uma suposta invasão da Alemanha por parte de uma fictícia aliança militar de leste chamada “OCCASUS”, havendo ainda a infiltração de membros do “Organização Bruckner”, apoiados pela força aérea. Os adversários da Aliança Atlântica têm como objetivo cortar o acesso da Alemanha ao mar e controlar o porto de Rostock. Em resposta, a NATO aciona o artigo 5.º da Aliança – que estabelece que um ataque a um membro da NATO é um ataque a todos.
O cenário descrito no documento que estabelece a base para o exercício não deixa grandes espaços para a imaginação sobre quem é o principal adversário. Na descrição feita na página oficial das forças armadas alemãs, a aliança “OCCASUS” tenta aproveitar-se de uma Alemanha que está a ser afetada por uma crise energética e uma inflação galopante. Ao mesmo tempo, simpatizantes da “OCCASUS” tentam influenciar a opinião pública.
“Como responder quando uma aliança militar inimiga ocupa partes da Alemanha? Este é o ponto de partida geopolítico para o exercício Air Defender 23”, escreve o documento da NATO.
A solução, acreditam as chefias militares, passa por um gigantesco contra-ataque aéreo. São mais de dez mil participantes e 250 aviões de 25 países. Desde 1949, ano em que a NATO foi criada para fazer frente ao poderio militar soviético no continente europeu, nunca foi feito um exercício desta dimensão. Entre os dias 12 e 23 de junho, o exercício vai estender-se do norte do país, perto da fronteira com a Dinamarca, até ao sul, já perto da Suíça e da Áustria, com operações planeadas em seis aeroportos, um deles nos países baixos e outro na Chéquia.
Será a própria Luftwaffe, a Força Aérea alemã, a tratar de coordenar todos os meios das 25 nações que participam na simulação. Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Eslovénia, Estados Unidos, Estónia, Espanha, Finlândia, França, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Polónia, República Checa, Reino Unido, Roménia e Turquia são alguns dos países que participam neste exercício. Este ano até há espaço para a participação de dois parceiros fora da Aliança: a Suécia (que está em vias de entrar) e o Japão.
De fora fica Portugal, membro fundador da Aliança, que tem uma das suas esquadras de F-16 ocupadas na missão de patrulhamento do espaço aéreo da NATO na região do Báltico. Atualmente, segundo o Ministério da Defesa, estão empenhados 82 militares portugueses e 4 F-16AM na Lituânia para esse propósito.
O exercício conta com algumas das máquinas tecnologicamente mais evoluídas, particularmente o norte-americano F-35, da Lockheed Martin. É um avião de combate furtivo de quinta geração, considerado pelos especialistas um dos mais avançados equipamentos militares disponíveis no mercado. Além dos Estados Unidos, vários países da Aliança Atlântica operam esta aeronave, incluindo Dinamarca, Países Baixos, Noruega, Reino Unido. Outras nações da NATO já encomendaram várias unidades do F-35.
Além do F-35 estão presentes outros caças, como o Gripen, o Eurofighter, o F-18, o F-16 e o F-16, operados por vários países. Mas também vão estar presentes outro tipo de aeronaves, como o A10, um avião de suporte de combate para as tropas no terreno, conhecido pela sua potente metralhadora, capaz de destruir os mais sofisticados blindados. Todos estes meios estão a ser apoiados por uma frota de aviões de abastecimento e aviões de transporte.