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“Pico” de cancelamentos já foi atingido e TAP deverá ser “sustentável e lucrativa” em 2025


 

A presidente executiva (CEO) da TAP considerou que os cancelamentos de voos nos aeroportos portugueses “já atingiram o pico” e devem-se não apenas a um problema, mas a uma “longa lista” deles.

“Quando olhamos para os nossos voos previstos e para todos os fatores em jogo vemos que atingimos o pico já, não precisamos de esperar por agosto, porque o nosso pico começou em julho e o mesmo aconteceu a todas as companhias devido às regras das `slots´, cuja regulamentação e regras tardaram”, disse Christine Ourmières-Widener.

A gestora falava aos jornalistas em São Paulo, para assinalar o aumento de dois para três voos semanais entre o Porto (Portugal) e São Paulo (Brasil).

Também a partir do Porto, a TAP aumentou ainda para duas vezes por semana a ligação ao Rio de Janeiro, igualmente no Brasil.

Neste momento, a empresa está a operar, a partir do Porto, 140 voos semanais, havendo agora uma aposta na ligação da cidade a destinos mais longínquos, vincou.

A CEO da transportadora acredita que o “pico” irá estabilizar até à época de inverno, garantindo estar a fazer “tudo o que pode” em termos de organização e recursos para melhorar a situação que se vive nos aeroportos, nomeadamente no de Lisboa.

As perturbações que se verificam nas operações da TAP estendem-se a todas as companhias aéreas da Europa, vincou, falando nos “inúmeros” desafios que esta indústria enfrenta nos dias de hoje.

“Lisboa está a recuperar mais depressa do que outros aeroportos que estão a recuperar mais devagar, em duas semanas já vemos melhorias”, afirmou.

Este problema, que é transversal a todas as companhias aéreas, é “complexo” e não tem apenas uma causa, mas uma “longa lista” delas, desde problemas com o `handling´ (designação inglesa que abrange todos os serviços prestados em terra para apoio às aeronaves, passageiros, bagagem, carga e correio), falta de pessoal e de aviões de reserva e o sistema de navegação no aeroporto de Lisboa cheio, ressalvou Christine Ourmières-Widener.

A CEO da transportadora salientou estar a fazer “ajustes” no aeroporto de Lisboa para melhorar o serviço prestado, nomeadamente a recrutar mais pessoal de cabine.

O cancelamento de voos não é benéfico para nenhuma companhia aérea, ressalvou, admitindo que o mesmo vai ter impactos nas contas da TAP.

A presidente da TAP espera também que a companhia aérea seja “sustentável e lucrativa” em 2025, sublinhando que a decisão de a “impulsionar e suportar” é um grande compromisso por parte do Governo e dos portugueses.

“A TAP deve em 2025 ser uma empresa sustentável e lucrativa, aliás, é esse o compromisso do nosso Governo com a Comissão Europeia”.

Segundo Christine Ourmières-Widener, os primeiros seis meses do plano de restruturação mostram que a companhia aérea portuguesa está no “caminho certo”, apesar de estar a enfrentar alguns desafios.

Desafios esses relacionados com as operações, mas também com toda a cadeia de serviços que tem debilidades e custos, ressalvou.

“Estamos a enfrentar uma subida de custos que não podemos controlar”, disse.

A esse propósito, a gestora explicou que a TAP está a tentar mitigar o impacto do aumento do preço dos combustíveis, que já ronda os 250 milhões de euros, aumentando o leque de fornecedores.

“Esta indústria não é fácil, é um desafio de logística complexo onde se queremos prestar um serviço muito bom temos de ter a certeza de que os nossos parceiros percebem o que queremos fazer e para onde queremos ir”, sublinhou.

Em dezembro, a Comissão Europeia aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, impondo, porém, algumas condições, entre elas que a companhia aérea disponibilize até 18 ‘slots’ por dia no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

A presidente executiva da TAP sustentou que fazer cumprir o plano de restruturação é uma “grande responsabilidade”, sentindo total apoio por parte do Governo de António Costa.

Além disso, a gestora salientou haver “total entendimento” entre a equipa da TAP e o Governo, destacando a “disponibilidade” do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

“Nós sabemos que temos em mãos uma grande responsabilidade de fazer cumprir o plano, mas sim a minha equipa sente-se apoiada”, concluiu.