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Presidente da SATA diz que não vale a pena reforçar voos para os Açores sem promoção


 

O presidente do conselho de administração da companhia aérea SATA, Luís Rodrigues, alertou para a necessidade de se apostar na promoção turística dos Açores, alegando que não basta aumentar o número de voos para as ilhas.

“Enquanto não fizermos o esforço de promover o destino e de o organizar para que as pessoas vão lá e tenham uma boa experiência, não vale a pena enfiar aviões a toda a hora porque os aviões vão vazios”, afirmou, numa audição na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.

Luís Rodrigues foi ouvido a propósito de um projeto de resolução apresentado por PSD, CDS-PP e PPM (partidos que integram a coligação de governo), que recomenda ao executivo açoriano que promova o aeroporto das Lajes, na ilha Terceira, “enquanto porta de entrada de fluxos turísticos nos Açores, sejam nacionais ou internacionais”.

Recomenda ainda que o Governo Regional diligencie, “em estreita articulação” com a ATA e com a CCAH “campanhas de promoção turística que potenciem e incentivem a captação de ligações aéreas internacionais para a ilha Terceira”.

Para o presidente da SATA, mais do que apostar na promoção do aeroporto, é preciso apostar na promoção do destino.

“Não posso obrigar as pessoas a irem para a ilha Terceira se elas não quiserem e se não conhecerem a ilha. Fora daqui, ninguém ouviu falar na ilha Terceira”, avançou, em resposta ao deputado do PSD Rui Espínola.

Segundo Luís Rodrigues, em 2019, a taxa de ocupação da SATA nas ligações para a ilha Terceira “foi de 67,7%”, tendo havido “cerca de 20 mil lugares vazios”.

Questionado sobre as rotas da ilha Terceira para Nova Iorque, Oakland (Estados Unidos) e Montreal (Canadá), asseguradas pela SATA, o administrador da companhia garantiu que todas têm “viabilidade económica” e uma margem de contribuição total de “430 mil euros”.

Luís Rodrigues alegou que foi possível alcançar estes valores, porque a SATA melhorou a sua capacidade de venda, encontrou parceiros que “garantem um valor significativo da ocupação” e reduziu os custos da operação.

“Fizemos um trabalho profundo de análise económico-financeira de cada uma delas e de mercado”, frisou, acrescentando que o processo de reestruturação da companhia não permitia que essas rotas fossem realizadas de outra forma.

Para o presidente da SATA, “comprar” ligações áreas é uma solução “rápida, mas cara” e “pouco eficaz”, porque cria uma “elevada dependência” e “atrai turistas de menor valor”.

Por isso, apelou a que as associações de turismo e o Governo Regional trabalhem em conjunto, e em parceria com o Turismo de Portugal, “na organização e promoção do destino”.

Quando o destino começar a ser conhecido, será mais fácil, segundo Luís Rodrigues, estender as operações “para fora da época alta”.

“Se a SATA fosse uma companhia 100% privada”, o administrador admitiu que as ligações do exterior pudessem estar concentradas numa única porta de entrada no arquipélago, mas sendo detida pela Região Autónoma dos Açores considerou “perfeitamente legítimo e saudável” que haja uma “distribuição do tráfego pelas outras ilhas diretamente pela Azores Airlines”.

“Enquanto o Governo Regional for acionista no todo ou em parte da Azores Airlines deve procurar sempre que essa distribuição seja feita, em vez de concentrar-se numa única plataforma giratória”, defendeu, alegando que a SATA Air Açores, que assegura as ligações interilhas, “não teria capacidade para processar o tráfego”.

No mesmo encontro, o presidente do conselho de administração da companhia disse que os voos previstos para o verão na ilha Terceira, nos Açores, podem ser cancelados, se a base das Lajes reforçar o seu papel militar.

“Preocupa-me o drama que se tem vindo a desenrolar nos últimos dias [ofensiva militar na Ucrânia] porque, se o Aeroporto Civil das Lajes de repente ganhar nova importância estratégica do ponto de vista militar, acabou-se. Todas estas rotas, esqueçam. Para tudo, não há volta a dar”, apontou Luís Rodrigues, numa audição na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.

Questionado pelo deputado socialista Carlos Silva sobre o impacto de um possível aumento do preço dos combustíveis, em consequência da ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, nas contas da companhia aérea, Luís Rodrigues disse estar mais preocupado com o impacto que possa ter na base das Lajes, na ilha Terceira, onde está colocada a Força Aérea norte-americana.

“Conseguimos refletir o aumento do preço dos combustíveis nas tarifas”, avançou, alegando que “era uma prática que não existia em 2019”, na anterior administração.