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SATA | A Revolução dos Cravos

 

Por altura do 25 de Abril, o PNT da SATA era constituído por cinco comandantes (Eduardo Carpinteiro, Jorge Tércio Freire, Francisco Afonso, António Galhardo e Adelino Rego Sousa) e quatro oficiais pilotos (Eduardo Pavão, Filipe Mendes, Rogério Lopes e Tito Viegas). Por sua vez, o Cte. José Rego Sousa, que era piloto dos quadros da DGAC, esteve, também, temporariamente ao serviço da SATA neste período (cedido por aquele organismo estatal), para fazer face à maior necessidade de tripulações navegantes em época alta.

Em dezembro de 1974 eram administradores da Empresa os Drs. A. P. Santos (Presidente) e José Laranjeiro. Subsequentemente, o Dr. Albano Ribeiro seria nomeado para o cargo de administrador (a 17-12-1974), tendo assumido o cargo de presidente do conselho fiscal o Dr. José Alexandre Vidal da Silva Fraga (a 05-5-1975).

Nesta altura (a 05-07-1975), assistia-se à inauguração do aeroporto das Flores, sem que a SATA iniciasse, a partir de então, voos regulares para aquela ilha.

Os anos que se seguiram à Revolução de Abril viriam, no entanto, a ditar um considerável crescimento do PNT ao serviço da companhia (mais cinco em janeiro de 1977), justificado, em boa parte, pelo aumento e diversificação da respetiva frota a partir da segunda metade da década de 1970.

Da geração de pilotos que entrou na SATA nesta altura faziam parte os elementos constantes do quadro seguinte, já, entretanto, retirados ou reformados da transportadora açoriana. Oriundo da Academia militar, Arnaldo Medeiros, natural dos Açores, havia sido piloto de DC-6 na Força Aérea, sendo o restante pessoal originário da DTA e da DETA.

Porém, no período que se seguiu à revolução de abril, as transformações politicas e sociais ditaram novas regras de convivência e de relacionamento no trabalho. Essa nova realidade  levou à reivindicação de melhores condições laborais que, somada às dificuldades de operação da Empresa, num frágil contexto insular, contribuiu para descapitalizar a companhia,  conduzindo a uma fase de grande instabilidade e incerteza quanto ao seu futuro.

A falta de liquidez de tesouraria e os continuados défices do exercício agravaram-se após o 25 de Abril, num cenário caracterizado pela diminuição do tráfego aéreo em 1975. Se antes do 25 de abril, apesar da baixa produtividade, os resultados de exploração da SATA eram, ainda assim, aceitáveis, os mesmos agravar-se-iam consideravelmente após a revolução.

Essa situação de crise resultou da conjugação de um conjunto de fatores, entre os quais sobressaem: o aumento dos custos operacionais diretos, a não atualização das tarifas aéreas (entretanto revistas em 1975), o incremento exponencial dos salários e das regalias sociais dos trabalhadores e a circunstância de existirem já então três gateways nos Açores, que dispersavam os fluxos de tráfego da SATA e  retiravam passageiros e carga das suas rotas mais rentáveis.

Excertos do texto de Ermelindo Peixoto (SATA 1947|2012)