Várias notícias, vindas do Brasil, dão conta que a Azul Linhas Aéreas vai receber em breve uma nova aeronave, trata-se de um Airbus A350.
A aeronave deverá chegar para operar na base principal da companhia aérea no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas.
De acordo com as informações a aeronave deverá chegar nas próximas semanas e deverá utilizar a matrícula PR-AOW. Este será o primeiro Airbus A350 da Azul, a companhia fundada por David Neeleman tinha encomendado o modelo há alguns anos porém optou por receber os novos Airbus A330-900neo, como de resto aconteceu com a TAP Air Portugal.
Há algumas semanas o setor aéreo ficou aquecido com a possibilidade da incorporação da aeronave pela Azul, a companhia nunca confirmou a chegada do modelo. Como a informação ainda não foi confirmada pela empresa, há possibilidades de chegar e não ser operada pela Azul.
Em março deste ano a possibilidade de ver os Airbus A350 nas cores da Azul Linhas Aéreas era muito remota e difícil de acontecer, desde que a empresa desistiu de uma encomenda que tinha, anos atrás. Embora executivos da empresa tenham comentado, no ano passado, que a aeronave não fazia mais parte dos planos, ainda hoje surgem perguntas.
Inicialmente divulgada em 2014, durante o projeto de expansão internacional da companhia, o modelo de longo alcance seria recebido alguns anos depois para ser operado junto aos Airbus A330-200, recebidos naquele mesmo ano. A previsão era que o primeiro A350 fosse entregue em 2017.
Atualmente, não há nenhum A350 encomendado pela Azul. As unidades, que uma vez estiveram em pedido pela empresa brasileira, foram canceladas e repassados para uma companhia aérea chinesa do grupo HNA. No entanto, o grupo HNA, antes da pandemia, encontrava-se numa situação complicada e começou a reduzir o seu tamanho, incluindo a devolução dos A350, que hoje estão em Toulouse, sem pintura.
Desde a devolução, existem vários rumores da possibilidade da Azul receber os aviões, que ganharam força com o anúncio da rota entre Campinas e Nova Iorque. Mas com a crise do Coronavírus, não se falou mais no assunto. Além de ter vários A330 parados no Brasil, a Azul ainda tem um A330neo “Outubro Rosa” em França, a aguardar entrega.
De recordar que a TAP Air Portugal chegou a ter uma encomenda para o modelo mas acabou por ser cancelada.
Recordamos uma entrevista de Neelman à Revista Visão em 2016:
Porque é que não quis os Airbus A350?
Os Airbus A350 não foram uma boa escolha para a TAP. Só precisariam desta aeronave se quisessem voar para a China ou para o Japão. Mas, para o Brasil e para a América do Norte, não fazem falta.
A TAP foi a quarta empresa no mundo a encomendar os A350 que deveriam ser entregues em 2017. As ordens de encomenda [slots] que estavam feitas têm um valor monetário?
Não. Todos os contratos dizem que não se pode vender os slots. Esse é um princípio inabalável. Se eu comprar uma aeronave hoje não a posso vender enquanto não estiver em meu poder.
Quando a TAP encomendou os A350, em 2011/12, o preço de tabela dos A350 era de 267 milhões de dólares, cada. Atualmente, está nos 304 milhões. Esta diferença, multiplicada pelos 12 aviões encomendados, dá mais de 400 milhões de dólares…
… Os preços não são esses. Não são trezentos nem duzentos milhões. São muito abaixo disso.
Seja quais forem as contas, no meio aeronáutico diz-se que a venda das ordens de encomenda dos A350 poderia render cerca de 150 milhões de euros?
Dizer que se podia vender os slots por 150 milhões ou 200 milhões é completamente errado. Aliás, a TAP estava em incumprimento com a Airbus e arriscava-se a ficar sem os aviões e sem o dinheiro que já tinha investido.
Mas existiu uma negociação sua com a Airbus que resultou na encomenda de 53 novos aviões, 14 A330-900 e 29 A321 LR…
… O que eu fiz foi ir à Airbus e dizer que não queria os A350, porque não faziam falta à TAP. Mas queria os A330 e os A321 LR porque são mais rentáveis. A TAP pode, com os A321 LR, voar para Toronto, Boston, Nova Iorque e até Chicago, com custos mais baixos.
Quais os valores envolvidos nesta negociação?
Estou impedido de revelar os valores, mas posso afirmar que comprámos estas aeronaves por um preço muito baixo. O primeiro 330-900 no mundo vem para a TAP. Fizemos o cálculo com a redução dos custos de operação e com a diferença do valor do mercado dos aviões que vamos trazer, podemos avaliar esta operação em 860 milhões de dólares.
Não teve qualquer ganho com a venda dos slots dos A350?
Eu não tirei nada da TAP. Estou a trazer este valor todo e não posso tirar um cêntimo enquanto a dívida bancária da TAP não estiver toda paga. Esse é o contrato que tenho de cumprir.
Acha que foi um bom acordo com a Airbus?
A TAP tinha um enorme problema. Estava em incumprimento do contrato com a Airbus. Não tinha pago dentro dos prazos exigidos. A Airbus podia cancelar o contrato.
E isso esteve quase a acontecer?
Sim. Durante a greve dos pilotos recebi uma chamada da Airbus, numa sexta-feira, a dizer que iam cancelar os contratos. Eles estavam muito preocupados com o futuro da TAP. Na segunda-feira seguinte, ajudei a resolver o assunto.
Como?
Mostrei-lhes as ideias que tinha para a TAP e eles acharam que era um bom plano. E só o consegui porque tenho um excelente e profundo relacionamento com a Airbus.
Pode explicar esse relacionamento?
Quando estava na Jetblue comprei 100 Airbus. Foi a primeira low cost a ter Airbus na sua frota. A hegemonia do mercado das low cost era da Boeing em 1998/99. Depois disso, a Easyjet, a Air Asia, a Virgin America e a Spirit, todas elas, compraram Airbus.